29.5.07

Ao deitar...

Cada um pensa de si sempre algo mais, ou menos do que é. Cá pra mim, acho que não passo de um sedento. Preciso de abrir o meu coração com Deus todos os dias e cantar canções de nostalgia e de esperança. Os problemas dos outros e minhas ansiedades, ocupam demais os meus pensamentos. Já não sei para onde vou. O deserto é o meu refúgio e a minha solução. Talvez aqui apareça uma fonte, um oásis. Finalmente, debaixo de uma árvore posso olhar o céu como ele é. A corça suspira por correntes e eu por Deus.

28.5.07

Antes de ser Pai

Antes de ser pai eu fazia e comia os alimentos ainda quentes.
Eu não tinha roupas manchadas.
Eu tinha calmas conversas ao telefone.
Antes de ser pai eu via os jogos de futebol de início ao fim
Antes de ser pai eu dormia o quanto eu queria e nunca me preocupava com a hora de ir para a cama.
Antes de ser pai eu almoçava nas calmas
Antes de ser pai eu não inventava histórias (excepto para adultos)
Eu não tropeçava em brinquedos nem pensava em canções de embalar.
Antes de ser pai eu não me preocupava se as plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas eram coisas em que eu não pensava.
Antes de ser pai ninguém vomitou nem fez xixi em mim.
Eu nunca chorei olhando pequeninos olhos que choravam.
Eu nunca fiquei gloriosamente feliz com uma simples risadinha.
Eu nunca fiquei sentado horas e horas olhando um bebê dormindo.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar quando não pude estancar uma dor.
Eu nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina pudesse mudar tanto a minha vida.
Eu nunca imaginei que pudesse amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que eu adoraria ser pai.
Eu não conhecia esse laço que existe entre pai e a sua criança.
Eu não imaginava que algo tão pequenino pudesse fazer-me sentir tão importante.
Antes de ser pai eu nunca me levantei à noite a cada 10 minutos para me certificar de que tudo estava bem.
Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor, a dor e a satisfação de ser um pai..
Obrigado Pai por permitir-me ser pai, ainda que imperfeito!

19.5.07

NINGUÉM PERCEBERÁ

"Nos Alpes italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas para produção de vinho. Uma vez por ano, lá ocorria uma festa para comemorar o sucesso da colheita. A tradição exigia que, nesta festa, cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa de seu melhor vinho, pra colocar dentro de um grande barril que ficava na praça central.
Entretanto um dos moradores pensou: "Porque deverei levar uma garrafa do meu mais puro vinho ? Levarei uma cheia de água, pois no meio de tanto vinho o meu não fará falta". Assim pensou e assim fez.
No auge dos acontecimentos, como era de costume, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca, para pegar uma porção daquele vinho, cuja fama se estendia além das fronteiras do país. Contudo, ao abrir a torneira do barril, um silêncio tomou conta da multidão. Daquele barril saiu apenas água... Mas, como isso aconteceu? Porque todos pensaram como aquele morador: "A ausência da minha parte não fará falta".
Nós somos muitas vezes conduzidos a pensar: "essa Igreja tem tanta gente que se eu não fizer a minha parte ninguém notará". Ou: "se eu faltar, ninguém perceberá".
Como seria o culto se Domingo, "só hoje", todos resolvessem ficar em casa? Como a Igreja pagaria as contas se esse mês, "só esse mês", todos resolvessem não contribuir? O que aconteceria se todos pensassem que não fazem falta e pedissem transferência para outra Igreja?
Se pararmos pra pensar direitinho, veremos que a Igreja só tem o que a gente dá, só faz o que a gente faz e só é o que a gente é...
Você ainda acha que ninguém perceberá???
(extraído)

Restos de Memórias

Lembro-me das tardes de inverno no 2º andar do prédio onde nasci e vivi uma década. Na varanda larga dava para ver uma eira, uma casa em ruínas, umas oliveiras à beira da morte e uma figueira despenada. Sempre tinha uns putos jogando berlinde ou dando chutes com uma bola de borracha contra as paredes do prédio do Pernas. A minha esperança naqueles dias cinzentos resumia-se à chance do céu se abrir e assim poder convencer a minha mãe a me deixar sair. Às vezes o milagre acontecia. Descia as escadas sem tocar no chão, cantando e assobiando, fazendo os vizinhos lançar alguns palavrões - eles tinham razão, trabalhavam por turnos. Lá fora as opções eram muitas, bola, peão, berlinde, ferro, brincar aos cowboys ou simplesmente ficar à toa andando pela quinta imaginando um monte de possibilidades heróicas. O tempo demorava a passar ao contrário do tempo de agora. Dias cinzentos de grandes expectativas, quase iguais aos de hoje – muitos sonhos e a mesma esperança, isto é, que o céu em algum momento iria se descobrir.

17.5.07

O EVANGELHO MALTRAPILHO de Brennan Manning

Li o livro e fiquei impressionado com o conhecimento e experiência que Manning, ex-alcólatra, teve com a Graça de Deus. Se existe alguém hoje no meio evangélico que pode escrever sobre a doutrina da Graça é este homem. O evangelho maltrapilho foi escrito para um público específico em mente - como ele próprio diz: não para superespirituais, nem para cristãos musculosos que têm John Wayne como herói, e não Jesus. Também sequer para acadêmicos que aprisionam Jesus na torre de marfim da exegese. Tão pouco para gente barulhenta e bonachona que manipula o cristianismo a ponto de torná-lo um simples apelo ao emocionalismo. Não é para místicos de capuz que querem mágica na sua religião. Não é para cristãos ”aleluia”, que vivem apenas no alto da montanha e nunca visitaram o vale da desolação. Não é para os destemidos que nunca derramaram lágrimas. Não é para os zelotes ardentes que se gabem como o jovem rico dos Evangelhos: “Guardo todos esses mandamentos desde a minha juventude”. Não é para os complacentes, que ostentam sobre os ombros um sacolão de honras, diplomas e boas obras, crendo que efectivamente chegaram lá. Não é para legalistas, que preferem entregar o controle da alma a regras a viver em união com Jesus.

Manning escreve para os dilapidados, os derrotados e os exauridos. Pessoas sobrecarregadas que vivem ainda mudando o peso da mala de uma mão para a outra. Aquelas pessoas vacilantes e de joelhos fracas, que sabem que não se bastam de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável. É para os discípulos inconsistentes e instáveis cuja azeitona vive caindo fora da empada. É para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados. É para os vasos de barro que arrastam pés de argila. É para gente inteligente que sabe que é estúpida, e para discípulos honestos que admitem que são canalhas. Este livro é no final das contas para gente que ao longo do caminho ficou cansada e desencorajada.

14.5.07

Hábitos in-conscientes

O que tem chamado a minha atenção nestes dias é o costume de “ir à igreja”. Penso que este vai e vem leva conscientemente as pessoas a fazer uma pergunta: ”O que é que eu vou ganhar com isso?” O grande problema dos evangélicos não é tanto a falta de organização, visão estratégica ou liturgia, formas ou meios de expressão e aproximação. O problema fundamental de hoje é que Deus pesa pouco demais sobre a igreja. As nossas reuniões parecem ser apenas encontros sociais onde nos encontramos uns com os outros (quando isso acontece!) menos com Deus. “Ir à igreja” para muitos é meramente um programa que tem como fim o de nos fazer sentir bem. Deus passa a ser apenas Aquele que nos dá coisas, uma espécie de “amigão”, que nos ajuda e nos acaricia quando estamos chateados da vida. O Deus da Bíblia ao contrário nos chama a levantar uma cruz a cada dia e a carregá-la para seguir a Cristo. Por outro lado, as preocupações dominantes hoje é a construção de templos maiores, cada vez maiores, e ministérios cada vez mais grandiosos. O amor próprio parece estar acima da obra de Deus. Obra que deve ser realizada em obediência a Ele - doa a quem doer. É preciso haver Homens, que tenham coragem e sejam fiéis à sua missão...

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...