14.10.08

Tanto se me dá, como se me deu

Ricardo Barbosa em um dos seus artigos escreve que "corar de vergonha não acontece mais. Do contrário, não riríamos da corrupção, não acharíamos normal a promiscuidade, nem acharíamos graça da injustiça". Ou seja, Ricardo, fala da falta ou ausência de uma "consciência colectiva", da rejeição absoluta a qualquer verdade. Isto porque as pessoas hoje mais do que nunca, se desgastam na busca pela realização pessoal o que gera uma forma perigosa de tolerância. Cada um tem a sua verdade, cada um compreende individualmente, rejeitando os grandes projectos, sejam eles de dimensão cultural, político ou religioso. Entretanto, o perigo da rejeição a uma verdade absoluta está no facto de que ser tolerante hoje implica, necessariamente, não julgar, não ter mais critérios que separem o bem do mal, o justo do injusto; e, uma vez que não julgamos mais, poucas coisas nos chocam ou abalam e, quando o fazem, é por pouco tempo. Vivemos um estado de normalidade caótica, diz Ricardo, "de paz frágil, de tranquilidade tão relativa quanto os nossos valores". Na oração de confissão de Daniel há uma declaração que vem se tornando cada dia mais rara entre nós: "A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha" Cf Dn 9:7. Isto não acontece mais. Somos demasiadamente tolerantes para "corar de vergonha".

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...