4.8.10

Trip

Um dia e de repente estava num deserto, a temperatura era de quase 50 graus positivos e durante a noite que ali passei senti frio abaixo de zero. Como é possível esta radicalidade? Percebi que no deserto há poucas coisas vivas - um deserto num deserto! Sentado, buscando instintivamente alguma humidade inexistente senti uma baforada quente, enquanto um daqueles lagartos se refugiava à sombra de um cacto. Pensei e fiz a pergunta a mim mesmo - o que eu estou aqui a fazer? Aproveitei que estava só e comecei a gritar e chorei. Num instante comecei a olhar para dentro de mim e no príncipio não vi coisas boas - defeitos de carácter. Nunca tinha olhado eles de frente. Comecei então a ser confrontado, me revoltei e neguei, não podia ser eu - eu era outro, um bem melhor.
Chegou a noite e meus pensamentos pairavam sobre o que tinha visto acerca de mim. A solidão instalou-se e não havia meio de escapar dela, a verdade tinha sido exposta, não podia escapar, senti-me prisioneiro de meus sentimentos, mas ainda era eu, grandioso, orgulhoso, arrogante, impulsivo, teimoso, indiferente e complacente. A manhã chegou e cansado esperava ver alguém, mas estava só, embrulhado e cheio de sede.
Até que no horizonte vejo uma figura caminhando, se dirigia em minha direção, firme e cheio de energia carregava algo em seus ombros, aproximou-se e olhei para ele e notei que era humano. Fiquei aliviado e sorri e ele sorriu e nos abraçamos sem nos conhecermos. Falou para mim e disse-me -  você não é culpado, apenas aceite que sozinho jamais conseguirá - Conseguir o quê? Disse eu - sair daqui? Não, respondeu ele - Você sozinho nunca saberá amar-se, você precisa de amor de outros, e EU também o amo, aprenda o Caminho e sairá deste deserto, venha... 

2 comentários:

João Narciso disse...

Bom texto. Inspirado e inspirador. Espero que a mensagem seja compreendida e assimilada.

E a ver se escreves mais vezes. Vale bem a pena!

Anônimo disse...

Há coisas que só vão melhorar quando tivermos o "corpo glorificado" que Deus há de nos dar. Sem doenças (físicas, emocionais ou espirituais)atingiremos a perfeição. Enquanto isso vamos sobrevivendo, caindo e levantando, mas no Caminho.

Renata

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